terça-feira, 31 de março de 2015


É POSSÍVEL CONCEBER BIBLICAMENTE A IDEIA DE UM PASTOR HOMOSSEXUAL?
A discussão quanto a aceitação e inserção dos homossexuais na igreja tem sido muito debatida hoje. Temos basicamente duas vozes distintas nesta questão: os que defendem a naturalidade desta postura, e as outras que são totalmente opostas a isto. Por esta razão existem “igrejas” hoje que não veem nenhuma dificuldade quanto ao ser homossexual, por isso têm pastores homossexuais. Entretanto, questiono: será que a Escritura Sagrada apoia isto?
Minha resposta neste sintético artigo não tem como objetivo depreciar o ser humano ou até mesmo defender o ódio insaciável, mas simplesmente mostrar o que a santa PALAVRA de DEUS ensina, sob os olhos da exegese bíblico-reformada.
No NT basicamente se usa duas palavras para definir os parâmetros quanto ao exercício pastoral: “epískopos (evpi,skopoj) e presbýteros (presbu,teroj)”. A primeira aparece 5 vezes em todo NT (At.20.28; Fp.1.1; 1Tm.3.2; Tt.1.7; 1Pe.2.25) e a segunda 66 vezes.[1] Com isto é possível observar um quadro geral de usos.
Quanto a questão de tradução a luz dos textos expostos podemos pensar em “epískopos” como “alguém que é responsável por cuidar, um guardião ou guardador”. Esta é a ênfase de 1Pe.2.25 onde Cristo aparece como “epískopos”. Existe outra forma de entender esta função, ligando serviço e liderança, assim a responsabilidade cuidar das necessidades de uma congregação e a direção das atividades dos membros da igreja está em foco.[2]
Interessante quanto as delimitações dos parâmetros do “epískopos” é que deve “ser casado com uma só mulher” e tenha filhos sob disciplina (1Tm.3.2-5 em associação com 5.9). Assim um “epískopos” casado com a pessoa do mesmo sexo não seria de forma nenhuma possível. Primeiro por que o próprio gênero da palavra é masculino e os filhos são gerados pelo princípio da sexualidade estabelecida na criação (Gn.1.18,24). O mesmo acontece com o “presbýteros” que tem dois significados: um adulto do sexo masculino que tem uma idade avançada (Lc.1.18) e uma pessoa que está investida de responsabilidades e autoridade [...] no contexto cristão. Nas chamadas epístolas pastorais (1Tm; 2Tm e Tt) “presbýteros” aparece 5 vezes. Com distinção de sexualidade em 1Tm.5.1,2 e apontando para o líder da igreja (1Tm.5.17,19 associado a 3.2).
Portanto não temos provas bíblicas para defender a existência de um pastor homossexual. Estes líderes foram criados recentemente como resposta a sã doutrina (2Tm.4.1-3). Os ouvidos que não querem aceitar a pregação da Palavra, entende a verdade do Evangelho deve se acomodar a subjetividade humana e não o contrário. Não existe a mínima possibilidade de se pensar em pastores homossexuais, se partimos da Escritura Sagrada.  

[1] Mt.15.2; 16.21; 21.23; 26.3,47,57; 27.1,3,12,20,41; 28.12; Mc.7.3,5; 8.31; 11.27; 14.43,53; 15.1; Lc.7.3; 9.22; 15.25; 20.1; 22.52; Jo.8.9; At.2.17; 4.5,8,23; 6.12; 11.30; 14.23; 15.2,4,6,22,23;16.4;20.17;21.18; 23.14; 24.1; 25.15; 1Tm.5.1,2,17,19; Tt.1.5; Hb.11.2; Tg.5.14; 1Pe.5.1,5; 2Jo.1; 3Jo.1; Ap.4.4,10; 5.5,6,8,11,14; 7.11,13; 11.16; 14.3;19.4.  
[2] LOUW Johannes; NIDA Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p.482.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

INFORMAÇÕES ELEMENTARES SOBRE JOÃO CALVINO 

Calvino (1509-1564) é um dos personagens mais conhecidos da história do pensamento. Ele nasceu em Noyon, Picardia, sendo possivelmente o segundo filho de uma família de cinco irmãos. Não é possível precisar quando foi convertido, contudo as evidências apontam para um período entre 1532-1534 em Orléans ou Paris. Sua biografia a partir de então, revela profundo envolvimento com o próprio Deus pelos meios estabelecidos por Ele. Por isso, não o definimos, pensando somente em sua intelectualidade, pois na realidade seu trabalho era pastorear. Essa tarefa era desafiadora, pois seu tempo era de profundas mudanças religiosas, filosóficas e sociais. Portanto a necessidade de se posicionar com compromisso maduro com a Escritura era fundamental.

Normalmente quando se fala Calvino ou de teologia calvinista (ou reformada) se pensa logo em predestinação. Para muitos este é o ponto central e único de nossa teologia, como se somente isto nos definisse. Entretanto, outros pontos são importantes, pois Calvino defendeu que “Deus é Senhor de todas as coisas, por isso toda verdade é verdade de Deus”. Por esta razão, servimos a Deus na integralidade de nossa existência. Nossa motivação primeira é a glória dirigida a Deus. Além disso, outro ponto importante “é o conhecimento de si mesmo que depende primeiramente do conhecimento de Deus”. Esta inversão é muito importante, pois afirma a ignorância de si mesmos daqueles que ainda estão perdidos. Em último lugar, a eterna eleição divina definida pelo reformador como o “fundamento e causa primeira, tanto de nosso chamamento como de todos os benefícios que de Deus recebemos”. Ele liga a eleição a santificação, pois neste caso, a causa (eleição) segue o efeito (santificação), por isso a predestinação não abre as portas para o pecado.

Tantas outras questões poderiam ser levantadas, mas estes resumidos pontos servem para aguçar nosso desejo de conhecer o que defendemos e confessamos. Nossa tradição sempre focou o estudo sério e responsável da Escritura. Portanto, não podemos rejeitar tudo isso, por causa de doutrinas passageiras que não tem profunda base bíblica. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015




AFINAL, TEMOS LIVRE ARBÍTRIO?

O livre arbítrio está no corpo de convicções de muitas pessoas, entretanto, não podemos negar que esta aceitação não parte de reflexão. Ela é simplesmente aceita como algo verdadeiro. Por esta razão, no geral são raras as explicações dadas com argumentos maduros para o livre arbítrio. Neste pequeno texto iremos pensa-lo sob duas perspectivas distintas.
Normalmente se define livre arbítrio como o poder que o homem tem de escolher suas ações. Entretanto, o próprio termo traz problemas sérios, ou seja, ele é totalmente inadequado. Ninguém tem “o arbítrio” totalmente “livre” para decidir, como num evento sem causa. Sabemos que isto não tem relação com a realidade humana. Toda decisão carrega em suas partes certo determinismo que funciona como uma influência definidora. Portanto quem tem a vontade totalmente livre?

Além desta linha de pensamento, do ponto de vista divino temos livre arbítrio? O grande Deus nos entregou o governo de nossas próprias vidas? Neste caso Ele seria um mero conhecedor do futuro que nós definimos? Esta proposição nega o próprio caráter de Deus, pois ela determina uma igualdade divino-humana. Aqueles que partem da Bíblia para definirem suas ideias sobre Deus, sabem que nossa biografia completa foi escrita por Deus (Sl.139.16). Para alguns esta ideia funciona como algo manipulatório, mas na realidade sem este governo tudo seria um absoluto caos. Evidente que as explicações sem qualquer paradoxo são impossíveis de estabelecer. 
A escola calvinista de interpretação da Escritura define que a humanidade está presa por causa da morte espiritual (Ef.2.1) e assim está totalmente incapacitada de ver e entender  a Verdade. Esta mudança não pertence primariamente a ela, pois está nas mãos de Deus (Jo.3.3,5). Portanto, somente o grande Deus pode nos fazer entender Sua vontade e nos doar a paz e o descanso ao sabermos que nossas vidas estão nas suas mãos.    

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

TODOS TEMOS PRÉ-CONCEITOS?


Vivemos num tempo onde a discordância tornou-se sinônimo de preconceito.[1] Exemplifico com o caso tão presente em nossa sociedade do homossexualismo. Quando não aceitamos a prática homossexual, recebemos a caricatura de preconceituosos. Será que de fato é isto mesmo? O simples fato de pensarmos diferente nos torna preconceituosos (no sentido pejorativo)? Ou: Será que a determinação contrária deve ser aceita sempre?
Nós não somos “tábulas rasas”. Não partimos da neutralidade para julgarmos as questões. Não acreditamos no relativismo que aceita tudo como correto. Antes de emitir qualquer julgamento consultamos nossos pressupostos que foram adquiridos ao longo de nossa existência. Eles funcionam como critérios para os julgamentos determinados. Portanto, todos homens partem de algo para afirmar suas crenças.[2]  Portanto, analisamos os comportamentos mais profundamente, ou seja, não somente o ato, mas o que está por trás dele.  
A teologia reformada entende que estes pressupostos foram gravemente comprometidos pela queda do homem no jardim do Éden (Gênesis.3). Deste então o homem nasce em pecado e desta forma julga as questões com os óculos embaçados. Entretanto, isto não quer dizer que tenha perdido totalmente o status de criação de Deus. Por isso, o “sensus divinitatis” (senso da divindade) o dirige ainda pela revelação geral de Deus (Rm.2.12-16) A restauração completa desta ignorância existencial ocorre no momento da regeneração. Neste momento o homem recebe o conhecimento extra-nos (que está fora de nós) para entender verdadeiramente e espiritualmente a si mesmo. Isto por uma razão teológica: para conhecer-se é necessário conhecer a Deus em primeiro lugar. 


[1] Existem aqueles que procuram diferenciar o termos pré-conceito de preconceito, como se o primeiro fosse o pré-julgamento e o outro fosse a continuação do primeiro, mas sem mudança
[2] Entenda crença como a determinação religiosa presente em todo o homem.